Segundas impressões: EUA

Ao contrário do que acontece com a maioria, o primeiro mês longe de casa foi muito bom e de fácil adaptação (ou pelo menos, até então, eu achava que sim). Tudo era novo, mágico e interessante. As regras rígidas ainda não tinham aparecido no caminho, as falsas amizades ainda usavam máscaras e a saudade ainda não parecia um problema. Mas após um mês de “encanto”, a vida me testou…

Um belo dia -começo de fevereiro- Regina George, como vou chamá-la (fazendo uma homenagem ao filme Meninas Malvadas, que foi o cenário que me senti naqueles dias), resolveu infernizar a minha vida. Por conhecer a maioria dos alunos, e por estudar lá no colégio já há algum tempo, ela resolveu não apenas não gostar de mim, mas espalhar entre os que elas gostava (isso inclui pessoas que antes me tratavam muito bem) uma imagem de uma novata que merecia sofrer bullying e não ser amiga dos seus amigos. Isso inclui parar de falar com ela, ser motivo de fofoca, ser mal olhada por Regina e seus amigos e não sentar mais com eles no almoço.

Uma coisa que todo mundo tem que saber, é que não importa aonde estiver, você pode escontrar alguém que tenha inveja da sua felicidade, das suas amizades e da sua vida. Não me considero a pessoa mais feliz do mundo, nem com milhares de amigos, muito menos com uma vida dos sonhos, mas no intercâmbio conheci uma pessoa que, apesar de passar uma imagem de vida perfeita, tinha inveja de algo que eu tinha. E até então eu não sabia o que.

No começo não entendia o porque daquilo tudo, e para alguns pode até parecer bobagem: “nossa Gika, mas você fala tão bem do seu intercâmbio, não é possível que passou por isso tudo que você diz”, e é verdade, meu intercâmbio foi muito bom mesmo, mas isso só foi possível porque eu quis, porque eu permiti. Poderia ter ficado sofrendo achando que aquele colégio se resumia a um grupinho que não gostava de mim, poderia ter pedido para voltar pra Recife, poderia ter ficado triste por meses, mas resolvi parar de tentar entender o que eu tinha feito de errado, e fazer cada minuto ali valer a pena, rodeada de pessoas que me faziam bem.

Até hoje não sei o que eu fiz pra ela, tem quem diga que foi inveja, ou que simplesmente ela não teve motivos. Mas a verdade é que eu aprendi que tem certas pessoas que se incomodam com quem tem brilho próprio, e vão fazer de tudo pra desestabilizar esse tipo de pessoa. Assumo que no auge da “confusão” pensei até mesmo em voltar. Afinal a última coisa que você espera em um intercâmbio é ser aquela pessoa odiada pelos popularezinhos. Mas com o tempo eu percebi que, apesar de não conhecer muita gente, eu tinha ao meu lado apenas pessoas boas, leves, que queriam o meu bem. E era tudo que ela queria de verdade. Esse era seu problema.

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 Então, hoje agradeço a Deus por ter colocado esse obstáculo na minha vida pra me mostrar que nem tudo são flores, que sempre vai ter alguém querendo te puxar para baixo e cabe a você decidir se quer ver apenas o lado ruim ou ir atrás da sua felicidade.

Aqui vai um resumo de um texto que recebi esses dias e que se encaixa muito nessa situação:

Um professor entrou numa sala de aula e disse para todos se prepararem para uma prova relâmpago. Todos ficaram assustados. Após serem entregues as folhas, os alunos puderam ver que se tratava de uma folha em branco com um ponto negro no meio. O professor, então, disse: -Agora escrevam um texto sobre o que estão vendo. Os alunos confusos começaram a difícil tafera. Terminado o tempo, o professor recolheu as folhas, colocou-se em frente a turma e começou a ler as redações em voz alta. Todos os alunos tentaram dar explicações por sua presença no centro da folha. Após ler todas, ele disse: -Esse teste não será para nota, apenas serve de lição, ninguém falou sobre a folha em branco, todos centralizaram suas atenções no ponto negro. Assim acontece em nossas vidas, temos uma folha em branco inteira para observar, aproveitar… Mas sempre centralizamos nos pontos negros. A vida é um presente de Deus, dado a cada um de nós com extremo carinho e cuidado. Temos motivos para comemorar sempre: os amigos que se fazem presentes, o emprego que nos da sustento, os milagres que diariamente presenciamos. No entanto, insistimos em olhar apenas para o ponto negro. O problema de saúde que nos preocupa, a falta de dinheiro, o relacionamento difícil com um familiar, a decepção com as pessoas. Os pontos negros são mínimos, comparando com tudo aquilo que recebemos diariamente. Creia que o choro pode durar até o anoitecer, mas a alegria logo vem no amanhecer.” 

Achei importante falar sobre as segundas impressões com vocês, porque tudo na vida tem seu lado bom e ruim. Se tudo estiver sempre maravilhoso, desconfie. Todo mundo tem problemas, mas você pode escolher se quer focar no ponto preto ou no restante da folha. E a mesma coisa serve pro intercâmbio. Já ouvi muitas histórias de pessoas falando que vão para o intercâmbio para esquecer um ex namorado, fugir de um problema familiar ou até mesmo fugir de problemas na escola. Mas não percebem que problemas vamos ter em qualquer lugar do mundo. Os problemas estão dentro da nossa cabeça, e se não nos livrarmos de toda energia ruim que nos cerca, ela vai conosco para aonde nós formos. Então quando decidir ir para um intercâmbio, saiba que vão ter momentos difíceis, vão ter situações que vocês não vão saber lidar de primeira, e até mesmo situações que nem a que eu passei. Vai caber a vocês, olhar para o ponto preto e não deixar que ele seja o centro das atenções. Vai caber a vocês olhar para tudo de bom que Deus te oferece e fazer valer a pena cada minuto da sua vida. E posso te garantir que, escolher o lado bom das coisas, escolher sua felicidade é uma das coisas mais valiosas que poderemos levar na bagagem da vida.

Até a próxima!

 

4 comentários sobre “Segundas impressões: EUA

  1. João ricardo

    Giovana, você pensa em ir morar fora? Vai terminar a faculdade em recifee ir trabalhar fora ou pretende ficar ” rica ” em recife e ir depois com a familia p fora? Me conta seus planos por favor

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    1. Oi João! Minha vida segue em constante mudança, uma hora penso em terminar a faculdade aqui, outra penso em pedir transferência para alguma faculdade em São Paulo, ou fora do país mesmo… Atualmente, tou trabalhando numa empresa que eu sou apaixonada, e sei que quero continuar lá por mais 1 ou 2 anos, então só vou parar pra pensar/decidir lá pra 2018 o que eu quero fazer quanto a faculdade. A única certeza que tenho é que quero morar fora, não sei se durante a faculdade ou já depois de formada, mas não me vejo muito presa a um lugar só. Sonho em ser bem sucedida, ser feliz com o que eu faço, ter uma família, viver bem, mas não penso muito no dinheiro em si, não penso em “quero ser rica, pra poder fazer tudo que eu quero e realizar todos os meus sonhos!”, eu quero fazer tudo que eu quero, realizar meus sonhos e consequentemente ganhar dinheiro, mas felicidade vai ser sempre meu guia. Beijo grande ❤

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